Especialista analisa os motivos por trás da decisão do presidente dos EUA
Decisão de Trump sobre tarifas reflete pressões internas e não mudanças estratégicas.
Pressões internas influenciam recuo de Trump sobre tarifas
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de recuar na aplicação de tarifas sobre produtos como café, carne bovina e frutas está mais relacionada a pressões domésticas do que a negociações com países produtores. Essa análise foi feita por Vinícius Rodrigues Vieira, professor de Economia da FAAP e Relações Internacionais da FGV, durante um evento relevante na área.
O especialista destaca que essa movimentação segue um padrão já observado anteriormente, conhecido como “Trump Always Chickens Out” (Trump sempre amarela), que é frequentemente mencionado por críticos do presidente. Contudo, Vieira ressalta que esse recuo é estratégico e se limita a produtos que os Estados Unidos têm dificuldade de produzir internamente, devido a características geográficas específicas.
No caso do café, a produção americana se restringe apenas ao Havaí, tornando o país dependente das importações. Quanto à carne, embora haja produção nacional, o volume não é suficiente para atender à demanda interna do país, o que força a administração a reconsiderar a aplicação das tarifas.
O professor também aponta que essa decisão não representa uma mudança significativa na política tarifária de Trump. “Ele sempre vai ceder apenas naquilo que lhe for mais conveniente e sempre com um discurso de vitória, para que não reconheça que cometeu um erro crucial ao aumentar o preço dos produtos”, explica Vieira, sugerindo que a retórica utilizada pelo presidente visa manter uma imagem positiva.
Impactos nas tarifas e na popularidade de Trump
A situação econômica e o impacto das tarifas no bolso do consumidor americano têm contribuído para o aumento da impopularidade de Trump. Essa situação se reflete em resultados eleitorais recentes em estados como Nova York, Virgínia e Nova Jersey, onde os republicanos não alcançaram o desempenho esperado. A crescente insatisfação dos eleitores com a inflação e as políticas tarifárias do presidente foram fatores determinantes para essa mudança no cenário político.
Os analistas afirmam que a pressão sobre o governo dos EUA para reverter algumas dessas tarifas é um reflexo do descontentamento popular. Neste contexto, as tarifas que anteriormente foram vistas como uma forma de proteger a indústria nacional estão se tornando um ponto de discórdia entre o governo e a população.
A posição de especialistas e a resposta do governo
Além de Vieira, outros especialistas também têm comentado sobre a estratégia de Trump e a sua capacidade de adaptação às pressões internas. A resposta do governo em relação a essa questão tem sido acompanhada de perto por analistas políticos e econômicos, que esperam uma postura mais firme nas próximas decisões.
A análise de Vieira e outros especialistas sugere que o recuo de Trump sobre tarifas é mais uma tentativa de garantir apoio interno em um momento em que sua popularidade está em queda. O impacto de suas decisões nos próximos meses será crucial para definir o futuro político do presidente e sua capacidade de manter a base eleitoral.
Em suma, a decisão de Trump reflete uma complexa interação entre política interna, economia e as pressões que seu governo enfrenta, evidenciando que, mesmo em questões de política externa, as preocupações internas podem prevalecer.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br