Reforma administrativa pode ser votada em plenário sem passar por comissões

Proposta de Emenda à Constituição pode ser aprovada diretamente no plenário da Câmara com manobras do presidente Hugo Motta

A PEC da Reforma Administrativa pode ser votada diretamente no plenário da Câmara, segundo o presidente Hugo Motta.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma Administrativa abre caminho para que partes de seu texto sejam agrupadas a outras iniciativas que tratem de temas semelhantes. A manobra, prevista no regimento da Câmara, depende de decisão do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e permitiria levar o texto diretamente ao plenário, sem passar pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) ou por comissão especial.

Tramitação e expectativas

Os projetos de lei complementar e ordinário que integram o pacote da reforma só poderão ser analisados depois que a PEC for aprovada. Segundo o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), coordenador do grupo de trabalho e relator da proposta, existem ao menos 33 tramitações paralelas na Câmara com trechos correlatos que poderiam ser utilizadas para acelerar a análise do texto. A expectativa é votar a PEC ainda neste ano, mas o avanço dependerá de “capital político”, articulação e apoio dos líderes partidários.

Eixos da proposta

Inspirada na antiga PEC 32/2020, arquivada por falta de consenso, a nova emenda retoma o tema com um enfoque mais moderado. O texto mantém a estabilidade dos servidores e organiza a reforma em quatro eixos: metas e resultados, governo digital, gestão de pessoal e combate a privilégios. Entre as mudanças, estão o limite de 5% para cargos comissionados, o fim da aposentadoria compulsória como punição disciplinar, a proibição de benefícios automáticos por tempo de serviço e a criação de bônus anuais de desempenho.

Controle de gastos

A PEC também institui a Estratégia Nacional de Governo Digital, obrigando a União, estados e municípios a integrarem sistemas e cadastros públicos, com rastreabilidade de todos os atos administrativos. Outra frente é o controle de gastos e de verbas indenizatórias, com medidas para restringir supersalários e reforçar a transparência. A proposta foi protocolada após alcançar o mínimo de 171 assinaturas, obtidas com apoio da base de centro-direita.

Resistência e debate

Partidos de oposição e entidades sindicais resistiram à coleta de apoios e prometem pressionar para que a reforma siga o rito tradicional, com debates nas comissões. A decisão de Hugo sobre o uso da apensação parcial pode definir o ritmo e o alcance da reforma administrativa neste fim de ano legislativo.

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