Resíduos de Frutas Viram Energia Limpa e Barata no Ceará

Toneladas de resíduos orgânicos da Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa-CE), antes destinados a aterros sanitários a um custo de R$ 230 mil mensais, estão sendo transformadas em energia renovável. A inovação é fruto de um projeto desenvolvido em parceria entre a Embrapa e a Universidade Federal do Ceará (UFC).

O Sistema Integrado de Reatores Anaeróbios promete aumentar significativamente a produção de biogás rico em metano, otimizar o espaço físico e reduzir os custos operacionais, além de diminuir a emissão de gases do efeito estufa (GEE). A tecnologia, idealizada para a Ceasa cearense, tem potencial para ser replicada nas demais centrais de abastecimento espalhadas pelo Brasil.

O sistema aproveita integralmente frutas e hortaliças impróprias para consumo, descartadas devido a perdas no transporte e armazenamento. Essa biomassa, altamente biodegradável, é a matéria-prima ideal para a produção de biogás com alto teor de metano, que pode ser utilizado como combustível.

Diferentemente dos métodos convencionais, que utilizam Reatores de Mistura Completa (CSTR), o novo sistema implementa um pré-tratamento que separa os resíduos em duas frações: líquida e sólida. A fração líquida é tratada em reatores de manta de lodo de fluxo ascendente (UASB), reconhecidos por sua eficiência no tratamento de cargas orgânicas elevadas. Já a fração sólida pode ser destinada à compostagem, gerando fertilizante de alta qualidade, ou para reatores de metanização seca (ainda em estudo), capazes de lidar com resíduos com alto teor de sólidos.

Segundo um dos pesquisadores responsáveis pelo projeto, o sistema tem capacidade para gerar biogás suficiente para suprir integralmente a demanda de energia elétrica da Ceasa-CE nos horários de pico, e ainda fornecer 20% da energia necessária nos demais períodos. O excedente de biogás pode ser transformado em biometano e comercializado.

A iniciativa representa uma solução sustentável, reduzindo o impacto ambiental e os custos de transporte e tratamento dos resíduos. O próximo passo do projeto é a construção de uma unidade piloto em maior escala, para otimizar os equipamentos e processos.

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