O Sistema Único de Saúde (SUS) amplia o acesso a métodos contraceptivos de longa duração, modernizando as opções de planejamento familiar para as brasileiras. A novidade é a inclusão do Implanon, um implante contraceptivo, que promete transformar o cenário dominado há anos pelo Dispositivo Intrauterino (DIU).
Segundo projeções do Ministério da Saúde, o Implanon tem potencial para ultrapassar significativamente o uso do DIU, com a expectativa de ser aplicado em até 1,8 milhão de mulheres até 2026 na rede pública. Embora o Ministério da Saúde tenha prometido disponibilizar 500 mil contraceptivos até o final deste ano, ainda não foram divulgadas as datas de início dos procedimentos.
Em comparação, o DIU, apesar de um crescimento de 55% desde a pandemia, beneficia cerca de 80 mil mulheres por ano. A ampliação do acesso a contraceptivos de longa duração se mostra crucial, considerando que um estudo da Bayer revelou que 62% das brasileiras já vivenciaram uma gravidez não planejada.
O ginecologista Rodrigo Mirisola, de São Paulo, enfatiza a importância de investir em educação sobre saúde feminina e na capacitação das equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBS). “A educação sobre a saúde feminina é fundamental para que elas possam discutir mais profundamente o método contraceptivo mais adequado às suas realidades junto a um especialista”, afirma Mirisola.
A crescente demanda por contraceptivos de longa duração no SUS impulsionou a flexibilização das políticas públicas. Desde 2023, enfermeiros estão autorizados a inserir DIUs sem supervisão médica na rede pública, o que contribui para o aumento da procura. Além disso, o SUS agora oferece o DIU hormonal (Mirena), especialmente para o tratamento da endometriose, ampliando as opções para as mulheres.
O ginecologista Vamberto Maia Filho, de São Paulo, celebra a diversidade de métodos contraceptivos incorporados ao SUS. “É uma conquista para as mulheres brasileiras, principalmente aquelas em situação de vulnerabilidade social. A medida amplia o leque de escolhas, reduz desigualdades no acesso à contracepção e fortalece a autonomia reprodutiva”, declara Maia Filho.
Para colocar o DIU ou Implanon via SUS, o primeiro passo é agendar uma consulta ginecológica em uma UBS ou hospital público para discutir o planejamento familiar. Após a avaliação e recomendação do método mais adequado, a paciente é inserida em uma fila para a realização do procedimento, que é simples e não requer internação.
Embora ambos sejam métodos reversíveis e de longa duração, o Implanon se destaca pela alta eficácia, com uma taxa de falha de apenas 0,05%. O DIU, por sua vez, apresenta um risco de gravidez que varia de 0,2% a 0,8%, dependendo do tipo. Ambos os métodos são indicados para mulheres de qualquer idade com vida sexual ativa que não desejam engravidar.