Um policial penal foi preso no domingo (31/8) após atirar no pé de um entregador, Valério Junior, em Jacarepaguá, zona Oeste do Rio de Janeiro. José Rodrigo da Silva Ferrarini, o policial, alegou que o disparo foi acidental, conforme declarou à Polícia Civil. O incidente ocorreu na sexta-feira (29/8), em um conjunto de prédios.
O delegado Marcos Buss, da 32ª DP (Taquara), responsável pela investigação, informou que o policial procurou a delegacia para comunicar o ocorrido, mantendo a versão de tiro acidental tanto antes quanto depois da sua prisão. A prisão preventiva foi decretada após a viralização das imagens do entregador ferido.
De acordo com relatos e gravações, o incidente começou quando Valério chegou ao local e solicitou que Ferrarini buscasse o pedido no portão do condomínio. O policial, por sua vez, exigiu que o entregador levasse a encomenda até o apartamento. Ferrarini desceu e a discussão se intensificou, sendo gravada pelo entregador no momento em que o disparo ocorreu.
Após balear o entregador no pé direito, Ferrarini teria dito “Então valeu” enquanto Valério sentia dores. Ferido, o entregador tentou se justificar, afirmando ser morador do local. Após o disparo, o policial retornou para sua residência. No sábado, Ferrarini chegou a prestar depoimento, sendo liberado em seguida.
Valério foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros Militar e encaminhado para atendimento emergencial. A bala permaneceu alojada no pé da vítima.
A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) afastou o policial penal por 90 dias e instaurou um processo administrativo disciplinar. A pasta classificou a conduta do policial como “repugnante”, afirmando que tal atitude não representa a maioria dos policiais penais do Rio de Janeiro. A corregedoria da Seap está acompanhando o caso junto à delegacia.
A polícia indiciou Ferrarini por tentativa de homicídio qualificado. O caso segue sob investigação, com a realização de exame de corpo de delito em Valério e oitivas de testemunhas. A arma do policial foi apreendida para perícia.
A empresa de entrega iFood, em nota, reiterou que entregadores não são obrigados a subir até os apartamentos e repudiou a violência contra seus parceiros. A empresa informou que disponibilizará apoio jurídico e psicológico ao entregador ferido.