O salto econômico da Coreia do Sul e a estagnação do Brasil

Análise das trajetórias distintas das economias sul-coreana e brasileira nas últimas décadas

Estudo revela as diferenças entre o crescimento da Coreia do Sul e a estagnação do Brasil ao longo dos anos.

O contexto econômico da Coreia do Sul e do Brasil

O salto econômico da Coreia do Sul e a estagnação do Brasil são temas que revelam as complexidades do desenvolvimento econômico em diferentes contextos. Em apenas 60 anos, a Coreia do Sul transformou sua economia, saindo de um PIB de US$ 3,96 bilhões em 1960 para US$ 1,82 trilhão em 2021, conforme dados do Banco Mundial. Esse crescimento notável foi impulsionado por políticas de planejamento e execução eficazes, em contraste com a trajetória brasileira.

Políticas de exportação: um diferencial crucial

A Coreia do Sul, que enfrentava a pobreza e os efeitos da Guerra da Coreia, adotou uma política de substituição de importações focada na exportação desde cedo. Enquanto isso, o Brasil, por ser uma economia grande, muitas vezes se acomodou em atender apenas ao mercado interno. Alexandre Uehara, coordenador de Estudos e Negócios Asiáticos, explica que, em momentos de crise, o Brasil pensava em exportar apenas quando sua demanda interna não era suficiente. Esse contraste na abordagem tem raízes profundas nas estratégias econômicas de cada país.

A importância do investimento em educação e tecnologia

Um dos pilares do crescimento sul-coreano foi o investimento em tecnologia e educação. A busca por inovação, apoiada por incentivos estatais, permitiu que o país desenvolvesse gigantes multinacionais, como Hyundai e Samsung. Em contrapartida, o Brasil falhou em priorizar esses investimentos, resultando em uma média de empresas ineficientes que prejudicaram a competitividade do país. Otaviano Canuto, ex-diretor do FMI, destaca que a sobrevivência dessas empresas ineficientes puxou a média do Brasil para baixo, dificultando o progresso econômico.

Comparação de crescimento: Brasil vs. Coreia do Sul

Historicamente, entre 1961 e 1980, o Brasil apresentou um crescimento médio anual do PIB de 7,44%, enquanto a Coreia do Sul alcançou 9,45%. Contudo, essa trajetória se inverteu com o passar dos anos. De 1981 a 2024, a economia sul-coreana cresceu em média 5,89%, enquanto o Brasil estagnou em apenas 2,2%. As consequências da crise do petróleo e da dívida externa nos anos 1980 marcaram um divisor de águas, onde o Brasil absorveu o ônus da crise, enquanto a Coreia privatizou seu sistema bancário, transferindo o ônus para o setor privado.

Os obstáculos enfrentados por ambas as economias

Apesar das semelhanças iniciais, como a alta inflação e a dependência de economias agrícolas, a forma como cada país lidou com esses desafios foi distinta. A inflação média na Coreia do Sul era de 19,9%, comparada aos 35% do Brasil. A correção monetária no Brasil perpetuou a inflação, enquanto a Coreia implementou mecanismos para combatê-la.

O futuro das economias: lições aprendidas

O desenvolvimento da Coreia do Sul e a estagnação do Brasil oferecem lições valiosas sobre a importância de políticas econômicas focadas e do investimento em setores estratégicos. A experiência sul-coreana mostra que um planejamento industrial sólido e um foco em exportações podem gerar resultados positivos a longo prazo, enquanto a acomodação em um mercado interno pode levar à estagnação. Para o Brasil, os desafios continuam, e a necessidade de reorientar suas políticas econômicas se torna cada vez mais urgente.

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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