São João Marcos: cidade demolida para ampliar reservatório ressurge como parque arqueológico

Reprodução site oficial

Antigo município do Rio de Janeiro foi destruído por projeto da Light e hoje é um espaço de memória e educação ambiental

São João Marcos, cidade do interior do RJ, foi demolida para reservatório e hoje é parque arqueológico com ruínas preservadas e centro de memória.

São João Marcos: a transformação de um município histórico abandonado para parque arqueológico

São João Marcos, um antigo município localizado no interior do estado do Rio de Janeiro, tem uma história marcante relacionada ao seu desaparecimento físico e posterior ressignificação cultural. Fundada no período colonial e enriquecida durante o ciclo do café, essa cidade viveu seu apogeu no século XIX. No entanto, sua trajetória foi abruptamente alterada no início do século XX, quando a empresa Light, responsável pela eletrificação do Rio de Janeiro e pela operação de sistemas de água e energia, decidiu ampliar o reservatório do Complexo Hidrelétrico de Lajes. Essa expansão exigia a elevação do nível da represa, o que implicou na desapropriação e remoção total da população de São João Marcos.

Processo de desapropriação e demolição que transformou a cidade em lembrança

Nas décadas de 1930 e 1940, os moradores foram devidamente indenizados e orientados a deixar suas residências. Muitas famílias se estabeleceram em cidades vizinhas, como Rio Claro, enquanto outras resistiram à mudança, mas a decisão oficial já estava tomada: São João Marcos deixaria de existir como sede municipal. A fase seguinte foi marcada pela demolição total dos prédios históricos da cidade, incluindo a igreja matriz, casas coloniais, o teatro e a praça central. Esta ação tinha dupla finalidade: evitar riscos estruturais com a elevação da represa e cumprir padrões técnicos da época, que exigiam a remoção integral de cidades localizadas dentro das áreas de segurança das barragens.

O abandono e a retomada cultural das ruínas no século XXI

Com a cidade desocupada e demolida, o reservatório avançou, embora não tenha coberto todo o vale, deixando partes das ruínas parcialmente expostas. Durante décadas, essas ruínas foram visitadas apenas por antigos moradores e curiosos, sem possibilidade de retorno à estrutura urbana original. No início dos anos 2000, um movimento formado por pesquisadores, arqueólogos e descendentes dos moradores iniciou esforços para recuperar e preservar o legado histórico da antiga cidade. Em 2011, foi inaugurado o Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, mantido pela Light em parceria com o governo do Rio de Janeiro.

A estrutura e importância do Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos

O parque integra ruínas preservadas de construções antigas, escadarias coloniais, parte do traçado urbano original, além de peças arqueológicas encontradas em escavações. Também abriga um centro de memória que reúne fotos, documentos e depoimentos que retratam a história do município e seus habitantes. O local é aberto ao público gratuitamente de quarta a domingo, das 9h às 16h, e representa uma importante iniciativa de preservação da memória histórica, cultural e ambiental da região, ao mesmo tempo em que oferece uma oportunidade educativa e turística para visitantes.

Reflexões sobre a relação entre desenvolvimento e preservação histórica

O caso da demolição de São João Marcos para a ampliação do reservatório hidrelétrico exemplifica o complexo equilíbrio entre projetos de infraestrutura e preservação do patrimônio cultural. Embora a remoção da cidade tenha sido uma medida necessária do ponto de vista técnico e de segurança, a posterior criação do parque arqueológico demonstra um compromisso com a valorização da história e da memória coletivas. O Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos é, assim, um espaço de resistência cultural e reflexão sobre os impactos das transformações urbanas e ambientais ao longo do tempo.

Fonte: www.moneytimes.com.br

Fonte: Reprodução site oficial

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