Executivo da empresa afirma que a migração para o biocombustível é a solução mais viável
São Martinho (SMTO3) altera foco de produção para etanol, visto que preços do açúcar estão abaixo do custo.
Os preços do açúcar bruto na bolsa de Nova York estão, atualmente, abaixo do custo de produção para grande parte do setor sucroalcooleiro no Brasil. Em uma teleconferência para discutir os resultados trimestrais da São Martinho (SMTO3), Felipe Vicchiato, diretor financeiro e de Relações com Investidores da empresa, afirmou que essa situação está levando as usinas a uma migração maior na utilização da cana para a produção de etanol.
O preço do açúcar na bolsa ICE oscilou nesta terça-feira ligeiramente acima de 14 centavos de dólar por libra-peso, próximo a uma mínima de cinco anos. Vicchiato destacou que o preço equivalente do etanol, que gira entre 15 e 15,5 centavos de dólar por libra-peso, favorece a alocação de cana para o biocombustível em detrimento do adoçante. “O preço de açúcar de tela é 14, enquanto o etanol está entre 15 e 15,5, o que não faz sentido para a produção de açúcar”, comentou.
Desde setembro, as usinas da São Martinho que têm a capacidade de produzir ambos os produtos migraram completamente para o etanol. Vicchiato ressaltou que, além dos preços, fatores relacionados ao capital de giro também estão impulsionando a fabricação do biocombustível. Para a produção do próximo ano, ele estima que a produção de açúcar da empresa ficará entre 1 e 1,3 milhão de toneladas, inferior às 1,42 milhão previstas para a safra atual. Em contrapartida, a produção de etanol deve aumentar para 1 a 1,1 bilhão de litros, comparado aos 914 milhões de litros esperados para a safra atual.
As projeções para a safra atual já incorporam um ajuste na moagem de cana, que foi reduzida em 600 mil toneladas, totalizando 22 milhões de toneladas para 2025/26. Vicchiato atribuiu essa redução de 2,7% na previsão de moagem a problemas climáticos em Goiás e nas regiões produtoras do Estado de São Paulo.
Com a moagem em declínio devido à menor disponibilidade de cana, a safra 2025/26 das usinas da São Martinho deverá encerrar em 20 de novembro, uma tendência que se espera que ocorra em grande parte do setor. No final da safra do centro-sul, a empresa está prevista para reduzir a moagem diária, além de manter um mix mais voltado para o etanol. Vicchiato adiantou que o início da próxima temporada, prevista para março ou abril, também deverá priorizar a produção de etanol.
“Se o preço do açúcar continuar neste patamar, não há justificativa para que o início da safra seja com foco na produção de açúcar”, afirmou o diretor.
Vicchiato também comentou que a queda no preço do açúcar no mercado internacional, somada à desvalorização do câmbio no Brasil, tem dificultado as fixações para a próxima safra. Ele se comprometeu a adotar medidas para ajustar os custos de produção, embora não pretenda interromper investimentos na unidade de etanol de milho. “Não vou apertar essa alavanca e parar de investir na planta de etanol de milho, que deve trazer um bom retorno no futuro”, concluiu, reafirmando que essa unidade será crucial para a competitividade da empresa em um ano e meio.
Se os preços do açúcar permanecerem baixos, Vicchiato acredita que a próxima safra será desafiadora em termos de resultados financeiros, e usinas com condições financeiras mais frágeis poderão até mesmo reduzir a moagem. “Será um ano difícil para a São Martinho, mas acreditamos que conseguiremos superar esse desafio e sairemos mais fortes em 2027”, finalizou.
Fonte: www.moneytimes.com.br
Fonte: São Martinho