Experiência única no Silk in Lyon destaca o papel das mulheres na produção de seda
Sericicultoras paranaenses participaram do Silk in Lyon, fortalecendo a cadeia produtiva da seda.
Sericicultoras paranaenses no Silk in Lyon: uma experiência transformadora
As sericicultoras paranaenses Diovane Plep Machado Moro, de Palmital, e Maria Rosa Pires de Sousa, de Godoy Moreira, viveram uma experiência única em Lyon, França, entre 20 e 23 de novembro. Elas participaram do Silk in Lyon, um dos mais importantes festivais de seda do mundo, como representantes do Paraná após vencerem o Concurso Seda Paraná. Essa viagem marcou a primeira vez que as produtoras estiveram fora do Brasil, proporcionando uma imersão técnica e cultural na cadeia produtiva da seda.
A primeira-dama do Estado, Luciana Saito Massa, acompanhou a comitiva e ressaltou a importância do evento. “Acompanhar nossas sericicultoras nesses dias em Lyon foi uma das experiências mais bonitas que já vivi. É incrível ver como essas mulheres são reconhecidas pelo seu trabalho”, afirmou. A visita ao festival começou com um circuito no Museu Soierie Vivante, onde as paranaenses puderam observar todas as etapas de produção da seda, desde o casulo até o tecido final.
Interação com artesãos internacionais
Durante a imersão, as produtoras visitaram estandes de produtos artesanais, incluindo o da marca francesa “Les Fantaisies de Tante Sophie”, que se destacou pela qualidade do trabalho manual. Sophie Perrillat-Charlaz, a artista responsável, elogiou o concurso realizado no Paraná e presenteou as brasileiras com brincos feitos de casulo. Essa interação foi uma oportunidade de fortalecer laços e compartilhar conhecimentos entre culturas diferentes. Ao final do dia, o grupo teve um passeio pelo centro histórico de Lyon.
No segundo dia, as sericicultoras se encontraram com Alexandre de Saint Loup, um empreendedor social que trabalha para revitalizar a produção de seda na região de Cévennes. Durante a visita, elas conheceram a cidade homenageada do ano, Soufli, na Grécia, e trocaram experiências com artesãs chipriotas, que utilizam resíduos de casulos para criar peças sustentáveis.
A herança dos tecelões de Lyon
As atividades incluíram uma visita à Maison des Canuts, um museu dedicado à memória dos tecelões de Lyon e às suas lutas históricas por melhores condições de trabalho. Esse espaço é um símbolo da identidade da cidade, que se tornou referência mundial na produção de seda. O domingo foi reservado para explorar Lyon Antiga, um Patrimônio da Humanidade, com uma visita ao bondinho até a Basílica de Fourvière e ao Fórum Romano.
O reconhecimento do trabalho das sericicultoras paranaenses foi um dos momentos mais emocionantes da feira. Expositoras e artistas expressaram sua admiração por Diovane e Maria Rosa, ao descobrirem que elas produzem a matéria-prima que sustenta o ecossistema internacional da seda. Para as produtoras, essa experiência foi transformadora: “Ver a nossa seda transformada em arte é a realização de um sonho”, comentou Diovane.
O papel da sericicultura no Paraná
O Concurso Seda Paraná, promovido pelo Governo do Estado, recebeu 430 inscrições de produtoras de 80 cidades. A seleção foi baseada no volume de casulos de qualidade por área de amoreira e no teor da seda produzida. Essa iniciativa faz parte do programa Seda Paraná, que incentiva o investimento na sericicultura e valoriza o protagonismo feminino, promovendo inovação e pesquisa na área.
O Paraná se destaca como o maior produtor de fio de seda do Brasil, respondendo por 86% da produção nacional, que é exportada para países como França, Itália e Japão. Em 2023, o Valor Bruto da Produção chegou a R$ 44,4 milhões, com 1,35 mil toneladas de casulos cultivados em 2.460 hectares de amoreiras. Essa atividade é crucial para cerca de mil famílias em 148 municípios, reforçando a importância socioeconômica da sericicultura no estado.