A ciência revela que o corpo humano é mais proativo do que imaginávamos na defesa contra doenças. Estudos recentes indicam que, ao testemunharmos alguém doente, nosso sistema imunológico é acionado, preparando-se para possíveis ameaças. Essa resposta antecipada demonstra a complexidade e eficiência das nossas defesas naturais.
Uma pesquisa notável, publicada na revista Nature Neuroscience por cientistas suíços, explora essa reação. Os resultados mostram que os sinais visuais de uma infecção desencadeiam respostas cerebrais e imunológicas antes mesmo de qualquer contato físico com o agente patogénico. Essa descoberta abre novas perspectivas sobre a interação entre percepção visual e imunidade.
Para investigar essa resposta, os pesquisadores utilizaram realidade virtual, expondo voluntários a imagens de pessoas com sintomas de gripe. Através de exames como eletroencefalograma e ressonância magnética, foi possível monitorar as reações cerebrais e imunológicas dos participantes em tempo real, revelando a ativação de áreas cerebrais ligadas à detecção de ameaças.
Essa ativação cerebral desencadeia uma resposta imunológica, com células de defesa sendo mobilizadas no sangue. “Essa antecipação é uma forma de preparar o corpo para agir diante de ameaças biológicas”, afirmam os autores do estudo, ressaltando a importância da percepção do risco na ativação das defesas do organismo.
Estudos comparativos com outras espécies reforçam essa ideia. A bióloga portuguesa Patrícia Lopes, em uma pesquisa de 2023, observou que o contato visual com indivíduos doentes ativa mecanismos de defesa em diversos animais, sugerindo que essa vigilância pode ser um instinto de proteção coletiva desenvolvido ao longo da evolução.
Além disso, pesquisas recentes revelam que o sistema nervoso desempenha um papel crucial na regulação da resposta imune. “Essa descoberta desafia o conceito tradicional de regulação generalizada pelo sistema nervoso”, explica o professor Alexandre Steiner, da USP, cujo estudo revelou que a estimulação do nervo esplâncnico pode aumentar a eficácia da resposta imune.
Para manter a imunidade em dia, o infectologista Marcelo Cordeiro, consultor do Sabin, enfatiza a importância de uma alimentação equilibrada, prática de atividades físicas e sono de qualidade. Além disso, manter o calendário vacinal atualizado e buscar atendimento médico em caso de exposição a riscos são medidas essenciais para proteger a saúde.