Uma diretiva secreta assinada pelo então presidente Donald Trump revelou planos para o uso de força militar dos EUA contra cartéis de drogas na América Latina, designados como organizações terroristas. A informação, divulgada pelo The New York Times, expõe uma potencial escalada na abordagem antidrogas, abrindo caminho para operações militares diretas em solo estrangeiro. A ordem representaria uma mudança radical em relação às estratégias anteriores.
A diretiva autorizaria as forças dos EUA a capturar ou eliminar diretamente indivíduos envolvidos no tráfico de drogas. Essa abordagem mais agressiva ignora as operações tradicionais de combate às drogas. A medida surge em um contexto de crescente pressão de conservadores e se tornou uma promessa de campanha de Trump em 2024, que propôs “declarar guerra” aos cartéis.
Entre os grupos na mira estariam o Tren de Aragua, o Cartel de los Soles (Venezuela) e o Cartel de Sinaloa (México). A inclusão de facções brasileiras, como o PCC e o Comando Vermelho, chegou a ser considerada, mas foi vetada pelo governo Lula. A ordem de Trump representa, segundo o The New York Times, “a medida mais agressiva, até o momento, na crescente campanha do governo contra os cartéis”.
Entretanto, a medida enfrenta barreiras legais. A autorização do Congresso para o uso da força militar, aprovada após os ataques de 11 de setembro, não se aplica automaticamente a grupos designados como terroristas pelo Executivo. Apesar disso, o governo Trump defendia a legalidade da ação, invocando o direito à legítima defesa nacional, ligando os cartéis ao aumento de overdoses no país.
Especialistas alertam para as implicações da medida. Ações letais de militares dos EUA contra civis ou suspeitos, fora de um conflito armado formal, poderiam ser consideradas assassinato. Além disso, o uso da força em território estrangeiro sem o consentimento do governo local – já rejeitado pelo México – violaria o direito internacional. A escalada proposta por Trump levanta sérias questões sobre soberania e direitos humanos.