Entidades alertam para os efeitos negativos da tarifa sobre produtos nacionais
A sobretaxa de 40% imposta pelos EUA continua a prejudicar as exportações brasileiras, gerando críticas entre entidades do setor.
Sobretaxa de 40% dos EUA continua a travar exportações brasileiras
Entidades de diversos setores no Brasil expressaram sua preocupação com a manutenção da sobretaxa de 40% imposta pelo governo dos Estados Unidos, uma medida que foi introduzida em julho por Donald Trump. Essa política tarifária, que ainda afeta a maior parte das mercadorias brasileiras, levanta um alerta sobre a competitividade do Brasil no mercado norte-americano.
Na última sexta-feira (14), o governo dos EUA anunciou a retirada de uma tarifa de 10% sobre 238 produtos, oferecendo um alívio limitado para alguns setores. Entretanto, a sobretaxa de 40% permanece, causando insatisfação entre as entidades industriais que consideram a ação insuficiente.
A avaliação das entidades brasileiras
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) destacou que, embora a suspensão da tarifa de 10% beneficie 80 itens que representam cerca de US$ 4,6 bilhões em exportações em 2024, a manutenção da sobretaxa de 40% coloca o Brasil em desvantagem competitiva em relação a outros países que não enfrentam as mesmas barreiras. O presidente da CNI, Ricardo Alban, enfatizou a importância de negociar um acordo para melhorar as condições de competição dos produtos brasileiros.
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) também manifestou a necessidade de mais medidas, classificando o corte tarifário como um passo positivo, mas ainda insuficiente. Produtos essenciais como carnes e café continuam a ser impactados pela sobretaxa, prejudicando o comércio bilateral.
Reações do setor de carnes e café
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) teve uma resposta mais otimista, enfatizando que a redução da tarifa traz previsibilidade ao setor. A entidade ressaltou que a nova tarifa sobre a carne bovina caiu de 76,4% para 66,4%, um avanço que pode facilitar o comércio. No entanto, as exportações totais de carne bovina em outubro alcançaram US$ 1,897 bilhão, refletindo um crescimento de 37,4% em comparação ao mesmo período do ano anterior, embora a sobretaxa tenha causado uma queda nas vendas para os EUA.
Por outro lado, a situação do setor cafeeiro é preocupante. A tarifa sobre o café brasileiro caiu de 50% para 40%, mas outros países como a Colômbia e o Vietnã possuem tarifas praticamente zeradas, o que gera desvantagens para o Brasil. A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) lamentou que a nova ordem executiva de Trump não tenha eliminado totalmente a alta taxa sobre os cafés especiais brasileiros, enfatizando a necessidade urgente de negociações para corrigir as distorções no comércio.
Busca por soluções diplomáticas
O governo brasileiro está ativamente buscando reverter a sobretaxa por meio de diálogos diplomáticos. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu recentemente com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, para discutir a situação. Vieira afirmou que os EUA demonstraram interesse em manter boas relações com o Brasil e espera uma resposta a uma proposta que visa uma pausa temporária nas tarifas.
Na visão da CNI, a dificuldade de acesso competitivo ao mercado americano aumenta à medida que concorrentes operam sob tarifas reduzidas ou isentas. A competitividade do Brasil, que é o principal fornecedor de café arábica aos EUA, é ameaçada por essas barreiras comerciais.
Conclusão
As entidades e o governo brasileiro continuam a pressionar por negociações que possam restaurar a competitividade dos produtos nacionais no mercado dos EUA. A situação atual, marcada por tarifas adicionais, exige ação imediata para garantir que as exportações brasileiras possam operar em condições justas e favoráveis. O futuro do comércio bilateral entre Brasil e EUA depende da capacidade de resolver essas questões comerciais que afetam diretamente a economia brasileira.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br
Fonte: Reuters