A exclusão do café da lista de exceções tarifárias dos Estados Unidos ao Brasil gerou surpresa e instabilidade nos preços em Nova York. A medida impacta principalmente os EUA, o maior consumidor global, já que o Brasil responde por mais de 30% de suas importações de café verde.
A nova tarifa deve onerar os custos e impulsionar a busca por fornecedores alternativos, alterando a dinâmica global do mercado de café. Já se observa um aumento no interesse por outras origens, como a Colômbia, e mudanças nos diferenciais de venda na exportação. Essa tendência deve se estender a países da América Central e da África, e, em menor escala, ao café robusta asiático.
O café colombiano, por exemplo, enfrenta uma tarifa de 10%, enquanto Indonésia e Vietnã têm tarifas de 19% e 20%, respectivamente, todas inferiores à alíquota aplicada ao Brasil, que é de 50%.
Essa mudança de estratégia afeta a logística e exige adaptações na composição dos blends. No entanto, é improvável que os EUA consigam substituir integralmente as 7 a 8 milhões de sacas anuais importadas do Brasil por uma única origem. A substituição demandará diversificação, maior esforço operacional e, consequentemente, aumento dos custos.
Apesar disso, a substituição total do café brasileiro é considerada difícil. A National Coffee Association (NCA) continua a pressionar o governo para incluir o café na lista de isenções tarifárias.
Para o produtor brasileiro, a dificuldade em exportar para os EUA exigirá maior presença em outros mercados, como a União Europeia, já o principal destino, e países asiáticos como China e Filipinas. Esse movimento reforça a tendência de reconfiguração dos fluxos globais de café.
A capacidade do Brasil de garantir grandes volumes e sua flexibilidade logística são vantagens importantes nesse cenário competitivo, que exigirá agressividade do vendedor brasileiro. A menor oferta de arábica no Brasil neste ano, devido à quebra de safra, contribui para mitigar efeitos negativos sobre os preços, em um primeiro momento. As negociações entre Brasil e Estados Unidos seguem em curso, mantendo a expectativa de inclusão do café na lista de exceções.