O aumento de tarifas de importação nos Estados Unidos representa uma forte ameaça para as exportações brasileiras de cacau e seus derivados, gerando um possível prejuízo de cerca de R$ 180 milhões para o setor. A imposição de uma alíquota de 50% sobre a manteiga de cacau, por exemplo, pode inviabilizar a competitividade do produto no mercado americano, forçando importadores a buscar fornecedores alternativos.
Apesar de o Brasil ser um país importador de cacau, o mercado interno não possui capacidade para absorver o volume atualmente exportado para os EUA. A manutenção das tarifas pode resultar em uma queda de quase 10% na moagem de cacau no Brasil, impactando diretamente a indústria nacional. Essa redução na moagem acarretaria também a diminuição da importação de amêndoas e um déficit de pó de cacau no mercado interno, afetando toda a cadeia produtiva, desde a indústria até os produtores de amêndoa nacional.
O setor enfrenta ainda o desafio de uma produção de cacau que não atende à demanda da indústria. A ociosidade média é de quase 40%, o que leva à necessidade de importação para atender o mercado interno e externo. A impossibilidade de exportar pode forçar a indústria a reduzir sua capacidade instalada, tornando inviável a operação de diversas linhas de produção. A capacidade instalada, atualmente em torno de 275 mil toneladas, poderia cair para um máximo de 200 mil toneladas se operada apenas com cacau nacional.
Em 2024, o setor já enfrentou restrições na oferta, com um recebimento de cacau abaixo de 180 mil toneladas, volume inferior ao registrado em 2023. A expectativa para 2025 não indica uma recuperação significativa, com o primeiro semestre apresentando números similares ao ano anterior, representando aproximadamente um terço do necessário para atender à demanda. A perspectiva é de que a produção total não ultrapasse as 200 mil toneladas neste ano, mantendo o setor distante do patamar necessário para utilizar plenamente sua capacidade instalada.