Mansueto Almeida destaca que, apesar da alta taxa, a economia brasileira deve continuar positiva nos próximos anos.
Mansueto Almeida, do BTG, afirma que a alta taxa de juros real não provocará recessão no Brasil, apesar de uma desaceleração prevista.
Taxa de juros real de 10% e suas implicações para a economia brasileira
Em um cenário econômico global, um juro real de 10% ao ano geralmente suscitaria debates sobre a possibilidade de recessão. Contudo, Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, afirma que essa realidade não se aplica ao Brasil. Segundo ele, mesmo com uma das maiores taxas de juros reais do mundo, a economia brasileira deve permanecer positiva. Almeida prevê, no entanto, que o crescimento econômico desacelerará tanto neste ano quanto em 2026.
A Selic, atualmente em 15%, combinada com uma inflação projetada de 4,5%, resulta em um juro real de cerca de 10%. “Neste ano, o crescimento vai diminuir e no ano que vem, também. Por quê? Porque temos a maior taxa de juros do mundo”, explica Mansueto. Essa taxa elevada tem efeitos diretos sobre a atividade econômica, levando a uma expectativa de crescimento do PIB de 2% para 2025, com um desempenho melhor no primeiro semestre, impulsionado por uma safra agrícola robusta.
Expectativas para a redução da Selic
Apesar das condições econômicas apertadas, o economista acredita que o ciclo de cortes nas taxas de juros pode começar em janeiro de 2026. Parte do mercado, no entanto, antecipa que as reduções só ocorrerão a partir de março. As expectativas indicam um corte de 0,25 ponto percentual na primeira reunião de 2026, com a possibilidade de uma redução mais agressiva de 0,50 ponto percentual.
Mansueto ressalta que modelos utilizados pelo Banco Central já mostram espaço para flexibilização a partir de janeiro, afirmando que “a partir de janeiro, o Banco Central tem como começar uma redução de juros”. Mesmo com a redução projetada para 2026, que poderia levar a Selic a algo em torno de 12%, o juro real continuaria a ser elevado, permanecendo em torno de 8%.
Desafios estruturais da economia
Embora o consumo das famílias deva avançar, os juros elevados continuam a ser uma preocupação, especialmente devido ao risco fiscal. Mansueto alerta sobre a persistência de problemas estruturais que afetam a economia brasileira. “Temos um problema adicional, que é o juro de longo prazo, o que nos traz um problema fiscal sério, porque leva a um crescimento muito forte da dívida”, comentou ele durante o 20º Seminário Internacional Acrefi de Crédito (SIAC).
Projeções para 2026
Para 2026, a projeção do BTG é de um crescimento de 1,5% na atividade econômica. O segundo semestre desse ano pode ser mais desafiador, com uma expansão próxima de 0,2% no terceiro trimestre e uma possível estagnação ou leve retração no quarto. Com isso, o cenário para o Brasil, apesar das altas taxas de juros, não indica uma recessão iminente, mas sim uma desaceleração que os economistas devem monitorar de perto.
Fonte: www.moneytimes.com.br
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