Tensão no Caribe cresce com instalação de radar dos EUA em Trinidad e Tobago

Mark Schiefelbein/AP

Receios aumentam sobre possível envolvimento da região na crise entre os EUA e a Venezuela

Instalação de radar militar dos EUA em Trinidad gera receios sobre a participação da região na crise com a Venezuela.

Crise no Caribe: radar dos EUA provoca tensão em Trinidad e Tobago

A instalação de um radar militar dos EUA em Trinidad e Tobago intensificou os temores de que o Caribe possa ser involuntariamente arrastado para a crescente crise entre os Estados Unidos e a Venezuela. A revelação da instalação foi feita recentemente, provocando reações tanto do governo quanto da oposição local.

O primeiro-ministro Kamla Persad-Bissessar tentou minimizar as preocupações após o pouso de um avião militar americano no país, afirmando que sua presença estava relacionada a um projeto de construção de estradas. No entanto, imagens de fuzileiros navais americanos em um hotel na ilha e a confirmação de que pelo menos 100 marines estavam no local levantaram novas questões sobre a verdadeira natureza da missão. A instalação do radar AN/TPS-80 G/ATOR, segundo a empresa Northrop Grumman, está voltada para vigilância aérea e defesa.

Ajuste estratégico ou comprometimento da soberania?

Persad-Bissessar justificou a instalação do radar como parte de um esforço contra o tráfico de drogas, afirmando que a omissão de detalhes foi para proteger a segurança nacional. Entretanto, a crítica da oposição é clara: muitos veem essa manobra como uma traição aos interesses do país. Marvin Gonzales, membro da oposição, afirmou que o governo vendeu a alma da nação e que essa aliança com os EUA pode ter consequências graves para a soberania de Trinidad e Tobago.

As declarações do primeiro-ministro não foram suficientes para apaziguar os ânimos. David Abdulah, líder do Movimento pela Justiça Social, argumentou que a instalação do radar está levando o país a se envolver nas agendas de guerra dos Estados Unidos, manchando sua reputação internacional. A situação se torna ainda mais grave com a intensificação das operações militares americanas na região, que incluem ataques aéreos contra supostos narcotraficantes.

Mobilização militar dos EUA na região

O aumento nas operações militares dos EUA no Caribe é evidente. A recente mobilização do porta-aviões USS Gerald Ford e de sua frota para águas da América do Sul representa um dos maiores deslocamentos de poder militar na região em décadas. Persad-Bissessar defende essa presença, mas os críticos advertiram sobre os riscos associados a essa militarização, especialmente para economias que dependem do turismo.

O analista político Peter Wickham advertiu que a ação da primeira-ministra pode trazer de volta os tempos da Guerra Fria. A instalação de um radar militar no país significa que ele não apenas serve como uma estrutura de vigilância mas também como um ponto estratégico militar, suscetível a represálias.

Riscos de envolvimento em conflitos internacionais

A preocupação com o papel de Trinidad e Tobago nesse contexto é crescente. O ex-ministro das Relações Exteriores Amery Browne expressou seu temor de que a primeira-ministra esteja fazendo movimentos deliberados para colocar o país em uma trajetória de conflito, expondo cidadãos e recursos a riscos desnecessários. Ele também criticou as ações dos EUA, que podem estar violando leis internacionais com seus ataques.

A tensão entre a busca por segurança, a luta contra o tráfico de drogas e a pressão internacional está em um ponto crítico. A situação continuará a se desdobrar com a possibilidade de Trinidad e Tobago se encontrar em uma posição insustentável no confronto crescente entre as potências do hemisfério.

Fonte: www.theguardian.com

Fonte: Mark Schiefelbein/AP

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