Tequila no Sertão: Agave Vira Etanol, Ração e Combate ao Carbono

A planta Agave tequilana, base da famosa tequila mexicana, está sendo estudada no Brasil para fins bem.

A planta Agave tequilana, base da famosa tequila mexicana, está sendo estudada no Brasil para fins bem diferentes da produção da bebida. Uma pesquisa da Embrapa Algodão, na Paraíba, em colaboração com a empresa baiana Santa Anna Bioenergia, explora o potencial da espécie para a produção de etanol, sequestro de carbono e como fonte de alimentação animal.

O projeto visa diversificar o uso do agave, transformando-o em uma fonte de energia renovável adaptada ao clima semiárido brasileiro. Além disso, busca impulsionar a bioeconomia e contribuir para a transição energética do país. A pesquisa também avalia outras variedades do gênero agave, como a Agave sisalana (sisal), para a produção de biomassa. Atualmente, o sisal é utilizado principalmente na fabricação de cordas, tapetes e na construção civil.

Um dos objetivos do estudo é desenvolver um sistema de cultivo para a Agave tequilana e outras espécies com foco na produção de energia, buscando o melhor aproveitamento dessas plantas. Atualmente, apenas uma pequena porcentagem da biomassa da folha da Agave sisalana é utilizada no processo industrial.

O Brasil se destaca como o maior produtor mundial de Agave sisalana, com uma produção de 95 mil toneladas de fibra em 2023, conforme dados do IBGE. A maior parte da produção nacional está concentrada na Bahia, no chamado Território do Sisal. A Paraíba ocupa o segundo lugar no ranking de produção da fibra.

Segundo a Embrapa, o gênero agave tem atraído a atenção de empresas de energia devido ao seu potencial como matéria-prima para a produção de bioenergia, como o etanol, e sua capacidade de compensar as emissões de gases de efeito estufa, graças à sua adaptação ao clima semiárido.

A pesquisa busca também mitigar desigualdades regionais e enfrentar a precarização das áreas sisaleiras do Nordeste brasileiro, utilizando plantas adaptadas a ambientes secos para a produção de etanol, alimentação animal e captura de CO2 em regiões com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

As primeiras 500 mudas de Agave tequilana Weber var. Azul, originárias do México, já passaram pelo processo de quarentena, e a equipe de pesquisadores brasileiros iniciou os estudos de avaliação da espécie em Jacobina, na Bahia, onde está sendo instalada a primeira Unidade de Referência Tecnológica (URT) de Agave tequilana. Outras duas URTs serão implantadas na Paraíba.

Para o zootecnista Manoel Francisco de Sousa, os resíduos do processo de produção de etanol a partir da Agave tequilana podem servir como importante fonte de forragem para ruminantes, especialmente durante a escassez de alimentos no Semiárido. O projeto também busca viabilizar a mecanização das etapas de plantio e colheita do Agave.

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