Intervenções humanas no planeta têm o potencial de gerar terremotos devastadores, revelando uma face pouco conhecida do impacto ambiental. Um levantamento recente identificou mais de 730 locais ao redor do onde atividades humanas foram diretamente responsáveis por tremores nos últimos 150 anos.

A mineração se destaca como a principal causa, presente em 271 dos locais afetados. A remoção massiva de material do subsolo desestabiliza a crosta terrestre, podendo levar a colapsos e, consequentemente, a tremores.

A construção de barragens e reservatórios também figura entre os principais gatilhos. O acúmulo de grandes volumes de água exerce pressão sobre falhas geológicas, potencializando o risco de sismos. Um exemplo notório é o terremoto de magnitude 7,9 ocorrido na província de Sichuan, China, em 2008, cuja ocorrência tem sido associada ao peso de 320 milhões de toneladas de água sobre uma falha preexistente.

O controverso fracking (fraturamento hidráulico) e a injeção de águas residuais provenientes da extração de óleo e gás representam outros fatores de risco. Em regiões com intensa atividade de perfuração, centenas de pequenos terremotos têm sido registrados em áreas geologicamente estáveis, indicando uma clara correlação.

Além dessas atividades, explosões nucleares (22 locais) e grandes obras de construção civil (2 casos) também foram identificadas como causadoras de tremores induzidos.

Especialistas alertam que o aumento desses eventos está relacionado à liberação de pressão acumulada na crosta terrestre pelas ações humanas, acelerando terremotos que poderiam ocorrer naturalmente em um futuro mais distante.

Embora a exploração de recursos naturais seja uma necessidade, a análise geológica detalhada e a implementação de planos de contingência se tornam cruciais para minimizar o risco de desencadear tragédias evitáveis. A compreensão do potencial sísmico das atividades humanas é o primeiro passo para garantir a segurança e a sustentabilidade.