Trabalho por aplicativo: ganhos crescem, mas desafios aumentam

Estudo do IBGE revela realidade dos trabalhadores por plataformas digitais no Brasil

Estudo do IBGE mostra que trabalhadores por aplicativos têm rendimento médio superior, mas enfrentam desafios como maior informalidade.

Um estudo do IBGE divulgado nesta sexta-feira trouxe um retrato atualizado dos trabalhadores por aplicativo no Brasil. Em 2024, esses profissionais tiveram um rendimento médio mensal de R$ 2.996 — valor acima dos trabalhadores em geral, que ganham em média R$ 2.875. Contudo, essa vantagem vem com um preço: mais horas de trabalho e menos proteção social.

Aumenta o tempo de trabalho

Segundo o levantamento, os chamados “plataformizados” trabalham, em média, 44,8 horas por semana — quase cinco horas a mais do que quem não usa apps para conseguir renda. O ganho é inversamente proporcional, quando se analisa o valor pago por hora, que é menor para os plataformizados: R$ 15,4 por hora, enquanto os demais alcançam R$ 16,8.

Informalidade alarmante

O estudo mostra que esse modelo de trabalho atrai quem tem menos escolaridade, mas mesmo entre universitários, muitos recorrem aos apps por falta de oportunidades na área de formação. Quase 60% têm ensino médio completo e superior incompleto (59,3%), seguido de superior completo (16,6%). A pesquisa indicou que 70% dos trabalhadores por aplicativo estavam na informalidade, uma taxa muito acima do observado pelos demais trabalhadores do setor privado.

Contribuição à previdência

Gustavo Geaquinto, analista da pesquisa, explica que o percentual de contribuintes entre os plataformizados é alarmante: apenas 35 a 9%, substancialmente abaixo do percentual de mais de 60% registrado pelos demais ocupados do setor privado.

Situação de motoristas e motociclistas

Motoristas e motociclistas também foram analisados, com 43% dos motoristas atuando por aplicativos. Eles têm rendimentos maiores, mas enfrentam jornada mais extensa e alta informalidade — quase 84% não têm vínculo formal. O STF está avaliando se há vínculo empregatício entre as empresas e trabalhadores por aplicativos, com expectativa de retomar o julgamento em novembro.

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