Entenda os eventos que culminaram na condenação e prisão do ex-presidente brasileiro
A trajetória que levou Jair Bolsonaro à prisão começou antes da execução da pena de 27 anos e 3 meses.
A trajetória de Jair Bolsonaro rumo à prisão
A trajetória de Jair Bolsonaro rumo à prisão começou muito antes da execução da pena de 27 anos e 3 meses que agora cumpre, após o Supremo Tribunal Federal (STF) declarar, na terça-feira (25), o trânsito em julgado na ação de tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente, preso preventivamente desde o último sábado (22), foi condenado por liderar uma tentativa de golpe.
Bolsonaro, ex-capitão do Exército e deputado federal por quase três décadas, se tornou uma figura proeminente na política brasileira ao ascender à Presidência em 2018. Ele se destacou por um discurso conservador, atacando a esquerda e exaltando a ditadura militar, o que o consolidou como a principal liderança da direita no Brasil. No entanto, a trajetória que o levou à prisão se intensificou na segunda metade de seu mandato, quando direcionou seus ataques ao STF e ao sistema eleitoral.
As lives e os ataques ao sistema eleitoral
As transmissões semanais ao vivo se tornaram o principal palco para os ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas. Durante essas lives, ele disseminou desinformação sobre a integridade das eleições, culminando em manifestações no 7 de Setembro, onde disparou críticas diretas ao STF e, em especial, ao ministro Alexandre de Moraes. Essa estratégia culminou em sua derrota nas eleições de 2022, quando Luiz Inácio Lula da Silva emergiu como seu principal rival, invertendo o cenário político.
Após a vitória de Lula, Bolsonaro se tornou o primeiro presidente do Brasil a não ser reeleito. Entretanto, ele demorou a reconhecer a derrota. Durante esse período, bolsonaristas intensificaram ações que, segundo o STF, foram incitadas pelo então presidente, visando deslegitimar o processo eleitoral. Episódios de vandalismo em Brasília e a permanência de apoiadores acampados em frente ao Quartel-General do Exército foram indicativos de uma crescente tensão política.
A invasão de 8 de janeiro e a investigação
Às vésperas da posse de Lula, Bolsonaro deixou o país e viajou para os Estados Unidos, tornando-se o primeiro presidente da Nova República a não passar a faixa presidencial ao sucessor. O ápice da crise ocorreu em 8 de janeiro de 2023, quando milhares de manifestantes invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF, levando a uma investigação que apontava Bolsonaro como possível mentor de um plano golpista.
As investigações se intensificaram com a delação do tenente-coronel Mauro Cid, que revelou reuniões entre Bolsonaro e figuras militares e políticas, onde o ex-presidente questionava a credibilidade das urnas. Além disso, documentos indicaram a existência de um plano golpista, que incluía ações violentas contra líderes políticos.
O julgamento e a condenação
Bolsonaro e outros 36 aliados foram indiciados e denunciados, sendo que o núcleo central liderado por ele foi acusado de planejar impedir a posse de Lula. A denúncia foi aceita pelo STF, e Bolsonaro se tornou réu, sendo o primeiro presidente brasileiro nessa posição por tentativa de golpe. Durante o processo, quase 60 testemunhas foram ouvidas, e as defesas contestaram a imparcialidade do julgamento.
Em setembro, após cinco sessões, a Primeira Turma do STF condenou Bolsonaro e outros sete réus. O ex-presidente apresentou recursos, mas todos foram rejeitados, mantendo a condenação, que agora se efetiva com o cumprimento da pena. A trajetória de Jair Bolsonaro rumo à prisão é um reflexo de sua ascensão ao poder e da subsequente queda, marcada por divisões políticas profundas e uma crise de legitimidade no Brasil.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br
Fonte: Marco Bello