Trump e a confusão entre fazer acordos e promover a paz

Jacquelyn Martin/AP

Análise das tentativas de mediação de Trump em conflitos internacionais

A análise das ações de Trump indica uma confusão entre acordos e a verdadeira paz.

Trump e o dilema entre acordos e verdadeira paz

As recentes declarações de Donald Trump sobre sua habilidade em mediar conflitos internacionais, como as tensões entre Ruanda e a República Democrática do Congo, acendem um alerta sobre a confusão entre fazer acordos e promover a paz. Trump, que recebeu o inédito prêmio de “paz” da Fifa, enfrenta críticas intensas à medida que suas reivindicações de sucesso diplomático, como a mediação em conflitos na Tailândia e no Camboja, são questionadas por especialistas em política internacional.

Nos últimos dias, viu-se o retorno da violência na fronteira Thai-Cambodjana, além de evidências que apontam que Ruanda não está cumprindo os termos acordados em sua relação com a RDC. Enquanto isso, a situação em Gaza continua crítica, com ataques frequentes afetando a população local. Expertos ressaltam que a abordagem de Trump, muito mais voltada para o “deals” do que para um verdadeiro processo de paz, poderia estar causando mais danos do que benefícios.

A política de paz negativa versus positiva

A teoria da paz proposta pelo sociólogo Johan Galtung sugere que existem duas formas de paz: a paz negativa e a paz positiva. A paz negativa se refere à ausência de violência, mas sem resolver as tensões subjacentes, enquanto a paz positiva exige um compromisso mais profundo em tratar as causas raiz do conflito e promover a justiça social. O histórico de Trump em negociações mostra que ele tende a buscar um tipo de paz que não aborda essas questões essenciais, resultando em acordos frágeis e temporários.

Por exemplo, o prolongado conflito entre Índia e Paquistão é uma ilustração clara de paz negativa, onde a ausência de hostilidades não elimina tensões históricas. Críticos apontam que muitas das iniciativas de Trump são mais sobre a superficialidade de um acordo que sobre a construção de um entendimento duradouro entre as partes.

Os riscos da abordagem transacional de Trump

A falta de compromisso verdadeiro de Trump em suas mediações pode se traduzir em negociações longas, repletas de falta de fé e reações hostis. Ao invés de buscar um terreno comum, a abordagem de Trump parece ser mais performativa. Gestos como apertos de mão e assinaturas são preferidos em detrimento de um processo inclusivo e justo. Isso levanta questões sobre a credibilidade das ações do ex-presidente, considerando seu histórico de negócios, onde a ideia de “vencer a qualquer custo” predomina.

O que muitos analistas temem é que essa falta de interesse genuíno em promover a paz duradoura possa transformar as reuniões em meras trocas de acusações. O verdadeiro trabalho de mediação requer paciência e a capacidade de unir as partes em um processo que prioriza a construção de confiança e a resolução de questões históricas.

Conclusão: A necessidade de uma nova abordagem na mediação

Portanto, é imperativo que qualquer esforço de mediação, especialmente em contextos tão complicados como os de Ruanda, RDC, Gaza e a fronteira Thailand-Cambojana, reconheça e trabalhe para abordar os fatores que perpetuam os conflitos. Para que se alcance uma paz duradoura, as partes envolvidas devem ser encorajadas a ir além de acordos temporários e focar em soluções sustentáveis que tratem as injustiças históricas. Essa é uma tarefa que exige mais do que a habilidade de um negociador; requer uma visão genuína de paz, reflexiva e inclusiva, algo que ainda está distante das práticas atuais de mediação observadas sob a liderança de Trump.

Fonte: www.theguardian.com

Fonte: Jacquelyn Martin/AP

PUBLICIDADE

VIDEOS

TIF - JOCKEY PLAZA SHOPPING - PI 43698
TIF: PI 43845 - SUPLEMENTAR - PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA
TIF: PI 43819 - PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA

Relacionadas: