Análise da nova abordagem de Donald Trump em negociações internacionais.
Donald Trump mescla negócios e diplomacia, colocando em risco a democracia americana.
A nova estratégia de Donald Trump, que combina negócios e diplomacia, levanta questões sobre a integridade da política externa dos EUA. Enquanto o ex-presidente se apresenta como um mediador de paz, muitos críticos apontam que suas ações estão mais alinhadas ao lucro pessoal do que à estabilidade política.
A ambiguidade entre paz e poder
Donald Trump, na sua campanha, se posicionou como um defensor da paz, prometendo acabar com conflitos no Oriente Médio e na Europa. Entretanto, ao assumir a presidência, sua postura se mostrou contraditória. Embora tenha celebrado acordos de cessar-fogo, como o de Gaza, sua administração foi marcada por ações militares que contradizem seus próprios discursos de paz.
A relação entre negócios e diplomacia se torna ainda mais complexa quando se considera a atuação de sua família. O professor Mohamad Bazzi destaca que os Trump têm lucrado significativamente com acordos que envolvem governos estrangeiros, sugerindo que a busca por lucros pode comprometer a soberania nacional e a moralidade das negociações.
A fusão de negócios e política
Desde a década de 1970, presidentes dos EUA têm seguido regras para evitar conflitos de interesse, geralmente colocando suas empresas em fundos fiduciários. Contudo, Trump desafia essa norma, alegando que não está diretamente envolvido em seus negócios, apesar de os lucros ainda fluírem para ele. O envolvimento da Trump Organization em acordos imobiliários no Oriente Médio exemplifica essa fusão arriscada entre lucro e diplomacia.
Recentemente, a empresa recebeu US$ 21,9 milhões em taxas de licença de um desenvolvedor imobiliário saudita, demonstrando como os interesses financeiros e os acordos de paz estão interligados. Além disso, a incursão da família no mercado de criptomoedas mostra a busca por novas fontes de renda que possam beneficiar suas finanças pessoais enquanto ocupam cargos políticos.
O papel de Jared Kushner
Jared Kushner, genro de Trump, foi uma figura central na política externa durante o governo anterior. Embora tenha prometido não se envolver na nova administração, ele voltou a atuar em negociações críticas, levantando questões sobre a separação entre sua função como diplomata e seus interesses empresariais. Bazzi ressalta que as negociações em Gaza, por exemplo, estão entrelaçadas com os interesses financeiros de Kushner, o que levanta suspeitas sobre a integridade das negociações.
Implicações para a política internacional
As promessas feitas por líderes estrangeiros, como o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, de investir bilhões na economia dos EUA, são acompanhadas de garantias de defesa militar por parte dos EUA. Essa dinâmica sugere que a política externa de Trump pode estar sendo moldada por interesses financeiros, colocando em risco a segurança e a estabilidade da região.
A intersecção entre lucro e diplomacia sob a liderança de Trump pode não apenas alterar a percepção internacional dos EUA, mas também comprometer a confiança dos aliados e a segurança nacional. A dúvida persiste: até que ponto essa abordagem pode levar à paz genuína ou apenas à perpetuação de conflitos em nome do lucro?
Fonte: www.theguardian.com
Fonte: AFP/Getty Images