Uma análise sobre a estratégia de branding de Donald Trump.
Trump está utilizando a presidência como uma ferramenta de branding, destacando seu nome em edifícios e projetos governamentais.
A presidência de Donald Trump se tornou uma oportunidade sem precedentes para a promoção de sua marca pessoal. Nos últimos meses, várias iniciativas têm sido tomadas para garantir que seu nome esteja associado a importantes instituições e projetos do governo dos Estados Unidos. A estratégia de Trump, que já era visível em seus anos de empresário e celebridade, agora se intensifica no cenário político.
A marca Trump: de empresário a presidente
Desde sua ascensão como magnata do setor imobiliário até sua notoriedade como apresentador de televisão, Trump sempre demonstrou uma habilidade incomum de transformar sua fama em uma marca. Em seu livro de 2011, Midas Touch, ele e Robert Kiyosaki afirmam que “construir uma marca pode ser mais importante do que construir um negócio”. Essa filosofia o levou a colocar seu nome em uma variedade de produtos e negócios, desde apartamentos de luxo até água engarrafada.
Com a vitória nas eleições de 2016, Trump encontrou a oportunidade de expandir ainda mais sua marca, agora como presidente. O recente renomeação do Kennedy Center para “Trump Kennedy Center” é um exemplo claro dessa estratégia. A mudança, aprovada por um conselho que Trump influenciou ao nomear seus membros, levanta questões sobre a legitimidade dessa ação, considerando que o centro foi originalmente nomeado em homenagem a John F. Kennedy por um ato do Congresso.
Rebranding governamental
Antes do Kennedy Center, Trump já havia iniciado uma série de mudanças de nome em outras instituições governamentais. O Instituto de Paz dos Estados Unidos, por exemplo, agora também carrega seu nome. Além disso, ele introduziu novas plataformas, como o site TrumpRx.gov, focado em medicamentos a preços acessíveis, e a criação de contas de poupança para crianças denominadas “Trump accounts”.
Um dos projetos mais controversos anunciados foi a construção de uma nova classe de navios de guerra, a “Trump class”. Durante um evento em sua residência em Mar-a-Lago, ele revelou planos para a construção de até 20 desses enormes navios, que prometem ser armados com tecnologia de ponta. Contudo, especialistas questionam a necessidade e a viabilidade de tais embarcações, sugerindo que a decisão pode ser mais sobre o nome de Trump do que sobre a eficácia militar.
Implicações de um legado pessoal
As ações de Trump não são apenas uma questão de branding; elas têm implicações mais profundas na política americana. Ao colocar seu nome em instituições e projetos que tradicionalmente não seriam associados a um presidente, ele está criando um legado que pode ofuscar a memória de figuras históricas, como JFK. A comparação com figuras autoritárias da história, como Kaiser Wilhelm II, sugere um paralelo preocupante: a obsessão por poder e imagem sobre a governança responsável.
Enquanto Trump continua sua busca por reconhecimento e imortalidade através de sua marca, muitos se perguntam sobre o impacto real disso na política e na sociedade americana. A ideia de um presidente que não apenas administra, mas também se apresenta como uma marca, pode alterar a forma como a história é escrita e lembrada.
Afinal, para Trump, um projeto sem seu nome é uma oportunidade perdida, e ele parece determinado a garantir que seu legado seja indelével na narrativa americana.
Fonte: www.theguardian.com
Fonte: Doug Mills/AP