Decisão é vista como demonstração de força em meio à tensão global
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a retomada dos testes nucleares após mais de três décadas, em resposta a declarações de Vladimir Putin.
Em 30 de outubro de 2025, Washington, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a retomada dos testes de armas nucleares do país, encerrando uma pausa que durava mais de três décadas. A decisão ocorre em resposta a declarações do presidente russo, Vladimir Putin, sobre novos avanços em tecnologia atômica e é vista como uma demonstração de força do governo americano em meio à crescente tensão global. “Por causa dos programas de testes de outros países, instruí o Departamento de Guerra a iniciar os testes de nossas armas nucleares em igualdade de condições”, escreveu Trump em sua rede Truth Social. O anúncio foi feito minutos antes de um encontro do presidente americano com o líder chinês, Xi Jinping, em Busan, na Coreia do Sul.
Endurecimento da postura americana
A medida marca um endurecimento da postura de Washington em relação a Moscou, em um momento em que as negociações de paz na guerra da Ucrânia estão paralisadas. O vice-presidente J.D. Vance afirmou que os testes são necessários “para garantir que o arsenal nuclear dos Estados Unidos funcione corretamente”. Trump declarou que os EUA possuem o maior estoque nuclear do mundo e que seu governo está promovendo “uma atualização e renovação completas das armas existentes”. Ele também mencionou que a Rússia ocupa o segundo lugar, enquanto a China “estará a par em cinco anos”, uma alegação que contraria dados do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Sipri).
Reações internacionais
A decisão foi duramente criticada por outros países. O Irã classificou a medida como “irresponsável” e “uma ameaça à paz e à segurança internacionais”. O chanceler iraniano, Abbas Araghchi, afirmou que Trump age como “um bandido armado com armas nucleares” ao mesmo tempo em que “demoniza o programa nuclear pacífico do Irã”. A China também reagiu, pedindo que os Estados Unidos respeitem a proibição global de testes atômicos e adotem “medidas concretas para preservar o sistema de desarmamento e não proliferação nuclear”. A ONU expressou preocupação e pediu que “nenhum teste nuclear seja realizado sob nenhuma circunstância”.
Contexto dos testes
O anúncio ocorre após Putin divulgar o sucesso de testes do míssil de cruzeiro Burevestnik e do drone submarino Poseidon, ambos compatíveis com cargas nucleares. O Kremlin, porém, afirmou que esses ensaios não envolveram explosões atômicas. Estados Unidos e Rússia ainda são signatários do tratado Novo START, que limita o número de ogivas estratégicas a 1.550 para cada país. O acordo expira em fevereiro de 2026, e Moscou propôs uma prorrogação de um ano, sem retomar as inspeções mútuas suspensas desde 2023.