O governo ucraniano elevou o tom contra países do Sul Global, incluindo o Brasil, criticando a alegada falta de reação diante dos recentes ataques da Rússia. A crítica surge em um momento de crescente tensão, após um ataque aéreo russo na região de Donetsk que resultou na morte de 24 civis, a maioria idosos, conforme informações divulgadas pela embaixada da Ucrânia em Brasília.

Em comunicado, a embaixada expressou profunda preocupação com a resposta internacional. “O mais alarmante é a insuficiente reação da comunidade internacional, em especial de alguns países que recorrem ao construto ideológico do chamado ‘Sul Global’”, declarou a representação ucraniana, argumentando que tal inércia pode ser interpretada como permissão para a escalada do conflito por Vladimir Putin.

Essa declaração ocorre em meio a um contexto de divergências entre Brasil e Ucrânia sobre a guerra. O governo brasileiro tem sido alvo de críticas por declarações consideradas pró-Putin, o que resultou no distanciamento diplomático, incluindo a decisão de Kiev de não manter um embaixador no Brasil.

Ademais, a Ucrânia acusa a Rússia de disseminar falsas narrativas globalmente, inclusive no Brasil, buscando justificar a invasão sob o pretexto de preocupações de segurança. Para Kiev, o verdadeiro objetivo de Moscou é “minar a resiliência da sociedade” ucraniana através do “terrorismo direcionado contra civis”.

A relação entre os dois países já vinha enfrentando turbulências, marcadas por tentativas frustradas de diálogo entre os presidentes e a saída do embaixador ucraniano no Brasil, Andrii Melnyk. A ausência de um embaixador é vista no meio diplomático como um sinal claro de descontentamento entre as nações.