Instituição se pronuncia sobre memorial do ex-presidente militar.
Universidade de Caxias do Sul remove memorial dedicado a Ernesto Geisel após ação do Ministério Público.
Após a polêmica gerada pela abertura de um memorial em homenagem a Ernesto Geisel, a Universidade de Caxias do Sul (UCS) anunciou a remoção do acervo, que foi transferido para a Prefeitura de Bento Gonçalves. A decisão se deu em meio a uma ação civil do Ministério Público Federal (MPF) que questionou a legalidade do tributo ao ex-presidente militar.
Contexto histórico e a polêmica
Ernesto Geisel foi presidente do Brasil de 1974 a 1979, um período marcado por repressão política e violação dos direitos humanos. A UCS havia instalado o memorial em 2019, na antiga residência de Geisel, mas a deterioração do local levou à transferência do acervo para a biblioteca da universidade. A instituição se defendeu, afirmando que o material exposto não continha “discursos celebrativos ou elementos de promoção ou culto à personalidade” do ex-presidente.
A polêmica ganhou força após o MPF alegar que o memorial violava direitos fundamentais, afrontando a dignidade das vítimas do regime militar e os princípios democráticos. O juiz Bruno Risch Fagundes de Oliveira indeferiu um pedido de liminar para a desativação imediata do memorial, mas a UCS optou pela remoção do acervo, reafirmando seu compromisso com a pluralidade.
A decisão e suas implicações
A decisão da UCS de remover o memorial é um reflexo do ambiente político e social atual no Brasil, onde questões relacionadas à memória da ditadura militar são frequentemente debatidas. A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio Grande do Sul destacou que o memorial representava uma violação direta aos direitos à memória e à verdade.
A UCS comunicou que o acervo foi entregue à Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves, reforçando que o material não continha elementos que pudessem ser interpretados como apologia ao regime militar. A universidade se posicionou sobre a importância de manter um espaço de diálogo e reflexão sobre o passado, dentro de um contexto democrático.
Perspectivas futuras
Esta situação levanta questões sobre como instituições educacionais lidam com o legado de figuras controversas da história brasileira. A remoção do memorial pode ser vista como um passo em direção à reconciliação com o passado, embora ainda existam desafios significativos no reconhecimento e na reparação das vítimas da ditadura.
O debate sobre a memória da ditadura militar continua a ser relevante no Brasil, refletindo a necessidade de um exame crítico do passado e a busca de uma sociedade mais justa e igualitária.
Fonte: www.metropoles.com
Fonte: Coleção Secretaria de Governo, Acervo do Arquivo Público do Estado