A polêmica homenagem a Ernesto Geisel gera protestos e ações legais.
Universidade de Caxias do Sul presta homenagem a Ernesto Geisel, gerando polêmica e ação do MPF.
A recente homenagem da Universidade de Caxias do Sul (UCS) ao ex-presidente ditador Ernesto Geisel, realizada em um espaço dedicado dentro da biblioteca da instituição, gerou uma onda de controvérsias e a intervenção do Ministério Público Federal (MPF). O memorial, inaugurado em 19 de novembro de 2025, foi considerado pelo MPF uma afronta aos direitos à memória e à dignidade das vítimas do regime militar brasileiro.
A controvérsia sobre a homenagem
A UCS, localizada em Bento Gonçalves, decidiu prestar tributo a Geisel, que foi o quarto presidente do Brasil durante a ditadura militar, no período de 1974 a 1979. Esta decisão levou o MPF a recomendar a remoção do memorial, argumentando que a exaltação de figuras associadas a crimes de lesa-humanidade é inconstitucional e agrava o sofrimento das vítimas e seus familiares. O MPF enfatizou que o uso de espaços educacionais para glorificar tais figuras fere o patrimônio imaterial da União e a ordem democrática.
A ação judicial do MPF
Após a recusa da UCS em atender à recomendação do MPF, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio Grande do Sul decidiu entrar com uma ação civil pública. A ação inclui um pedido de medida liminar para a desativação imediata do espaço, estabelecendo um prazo de 48 horas após a decisão judicial para que a universidade atenda à ordem, sob pena de multa diária de R$10 mil.
Além da remoção do memorial, o MPF também solicita uma indenização de R$1 milhão por danos morais coletivos, que, se concedida, será revertida para projetos educacionais e de direitos humanos. A proposta inclui a transformação do espaço atualmente dedicado a Geisel em um memorial que honre as vítimas da ditadura e promova a verdade histórica.
Implicações e reações
A situação levanta questões profundas sobre a forma como o Brasil lida com seu passado recente e as memórias da ditadura militar. A iniciativa da UCS foi vista como uma tentativa de reescrever ou minimizar os horrores do regime militar, enquanto a ação do MPF reflete um esforço contínuo para garantir que os direitos humanos sejam respeitados e que a memória das vítimas seja valorizada.
A reportagem entrou em contato com a UCS para obter uma posição oficial sobre o caso, mas ainda aguarda retorno. A discussão em torno dessa homenagem continua a reverberar, destacando a importância de um diálogo aberto sobre a história do Brasil e suas repercussões atuais.



