Pecuaristas devem redobrar a atenção com as primíparas, fêmeas que parem pela primeira vez, consideradas cruciais para o futuro do rebanho. A baixa habilidade materna em algumas dessas fêmeas levanta questionamentos sobre a viabilidade de mantê-las na propriedade.

Segundo o zootecnista Ricardo Abreu, gerente de fomento dos Programas de Melhoramento Genético da ABCZ, a primípara representa um valioso patrimônio, já que está amamentando sua cria, em fase de crescimento e, frequentemente, já prenha novamente. A atenção ao manejo nutricional e às condições ambientais é apontada como essencial para o sucesso da cria.

Para avaliar se uma primípara com dificuldades maternas merece uma segunda chance, é necessário acompanhar seu desempenho através de dados objetivos. Abreu sugere a pesagem do bezerro aos 120 dias, uma boa referência, considerando que nessa fase ele depende quase que totalmente do leite materno. A pesagem à desmama, ajustada aos 210 dias, também é um indicador da qualidade do cuidado materno. Bezerros mais pesados tendem a ter mães que os cuidaram melhor. A rejeição ou má amamentação levam a um peso inferior do bezerro, impactando negativamente a rentabilidade da cria.

A chance de melhora na segunda cria (secundípara) existe, mas depende de fatores como nutrição e ambiente. A fêmea bovina de corte se desenvolve plenamente até os 4 ou 5 anos, e a secundípara ainda está em fase de crescimento. Manejo adequado, nutrição estratégica e ambiente favorável são cruciais para que a fêmea possa expressar seu potencial, produzir mais leite e desenvolver melhor índole materna. O problema de rejeição pode estar mais ligado a esses fatores do que a uma característica imutável da matriz.

A ABCZ disponibiliza relatórios de consulta pública sobre a habilidade materna das matrizes em seu aplicativo e , auxiliando o pecuarista na tomada de decisão sobre manter ou descartar o animal. O especialista reforça a importância da atenção especial à nutrição de primíparas e secundíparas para aumentar a rentabilidade do rebanho. Vacas que não cuidam bem dos bezerros podem gerar prejuízo, mas é fundamental analisar o contexto e os fatores que podem ter influenciado esse comportamento antes do descarte.