Veneno de mambas pode driblar antídoto

Descobertas sobre a complexidade do veneno das cobras mambas

Um novo estudo revela que o veneno das mambas pode driblar a eficácia dos antídotos, causando paralisia e espasmos musculares.

Conhecida por ser uma das cobras mais venenosas do mundo, as mambas (espécie Dendroaspis) possuem um veneno capaz de driblar a eficácia dos antídotos. Pesquisadores internacionais descobriram que o mecanismo de ataque do animal é muito mais complexo do que se imaginava. Os répteis são responsáveis por 30 mil mortes anualmente na África Subsaariana. O estudo liderado pela Universidade de Queensland (UQ), na Austrália, em parceria com instituições alemãs e espanholas, foi publicado na última sexta-feira (26/9) na revista científica Toxins.

Mecanismo de ataque das mambas

A pesquisa revelou que o ataque de três espécies de mamba – Mamba Negra, Mamba Verde Ocidental e Mamba Jameson – não lançava apenas o veneno no organismo da presa, mas era um “ataque coordenado” em dois pontos distintos do sistema nervoso. Assim que adentra o organismo, a toxina deixa o músculo fraco ou paralisado, associado a uma redução ou ausência de tônus muscular, tornando-o flácido. Em outra parte do sistema nervoso, o veneno ataca de outra forma: os músculos ficam continuamente contraídos e há dificuldade para relaxá-los, causando dor, espasmos e mudanças na postura e movimento.

Efeitos do veneno e antídotos

Fry destaca que a descoberta de seus pares resolveu um antigo mistério clínico. “Alguns pacientes picados por mambas parecem melhorar inicialmente com o antídoto e recuperar o tônus ​​muscular e os movimentos, apenas para começar a ter espasmos dolorosos e incontroláveis”, diz. Inicialmente, o veneno bloqueia os sinais nervosos em direção aos músculos, porém após a administração do antídoto, o sintoma melhora. Mesmo assim, a toxina “dribla” o antiveneno e age de outra forma: estimulando excessivamente os músculos. “É como tratar uma doença e, de repente, revelar outra”, revela Fry.

Variação geográfica das toxinas

A equipe também identificou que a função da toxina mudava de acordo com a localização geográfica das mambas, principalmente as populações da Mamba Negra do Quênia e África do Sul, prejudicando a eficácia dos antivenenos, que não são desenvolvidos para combater diferentes complexidades dos venenos.

PUBLICIDADE

Relacionadas: