A chegada do verão e do período de férias altera a rotina de grande parte da população, com viagens longas, noites curtas, festas de fim de ano, maior consumo de álcool e mudanças no ritmo de exercícios. Segundo a Sociedade Paranaense de Reumatologia (SPR), esses fatores podem desencadear ou agravar dores articulares e crises de doenças reumáticas, que afetam mais de 15 milhões de brasileiros, cerca de 10 por cento da população adulta, de acordo com dados do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
Especialistas apontam que o calor pode trazer sensação inicial de alívio, já que o frio aumenta a rigidez muscular. No entanto, o verão favorece desidratação, sono irregular e excesso alimentar, elementos que intensificam processos inflamatórios e podem piorar sintomas como dor, inchaço e fadiga. O impacto é ainda mais relevante porque as doenças reumáticas figuram entre as principais causas de incapacidade física no país, respondendo por quase 30 por cento dos afastamentos do trabalho relacionados a doenças musculoesqueléticas.
Nesse contexto, a presidente da SPR, Dra. Carolina Muller, reforça a importância da atenção aos hábitos durante o período. “O verão traz uma sensação de liberdade e descontração, mas muitas vezes vem acompanhado de exageros. Hidratação, descanso e atenção aos sinais do corpo são atitudes simples que podem evitar crises e garantir um período mais saudável. O mais importante é não normalizar a dor, se ela persiste, é fundamental procurar um reumatologista”, afirma.
Fatores que podem ampliar dores e inflamações
Nas viagens, longas horas sentado em carros, ônibus ou aviões aumentam a rigidez da coluna, quadris e joelhos. Pausas a cada uma ou duas horas, alongamentos e o uso de malas leves ajudam a reduzir o desconforto. Nas festas de fim de ano, o consumo excessivo de álcool pode desencadear crises de gota, já que bebidas alcoólicas elevam os níveis de ácido úrico. Alimentação rica em gordura e açúcar também potencializa inflamações, enquanto o sono irregular intensifica quadros de dor crônica.
Na prática de exercícios, atividades de baixo impacto, como caminhadas, natação e exercícios na água, são mais recomendadas do que esportes intensos sem orientação. Já calçados típicos da estação, como rasteirinhas, chinelos e saltos, oferecem pouco suporte e podem piorar dores nos pés, tornozelos e coluna, especialmente em casos de fasceíte plantar, artrose ou esporão. Outro ponto de atenção está no uso de medicações, alguns tratamentos aumentam a sensibilidade ao sol e exigem moderação no consumo de álcool. Para pacientes com lúpus, a exposição solar pode desencadear crises, exigindo proteção redobrada.
A SPR reforça que dor articular por mais de seis semanas não deve ser ignorada. No Brasil, estima-se que 80 por cento dos casos de artrite reumatoide diagnosticados e tratados precocemente têm melhor resposta terapêutica e menor risco de incapacidade a longo prazo.
Serviço
Sociedade Paranaense de Reumatologia (SPR)
Informações ao público e profissionais de saúde: www.reumatologia.org.br
Foto: Celso Kruger



