As autoridades do Nepal elevaram para 72 o número de mortos decorrentes dos violentos protestos da última semana, informou o Ministério da Saúde neste domingo (14). Equipes de busca continuam a recuperar corpos em meio aos escombros de edifícios governamentais, residências e estabelecimentos comerciais incendiados durante os atos. A onda de manifestações, impulsionada pela insatisfação popular e denúncias de corrupção, resultou em um dos episódios mais sangrentos de violência política no país em décadas.
Os protestos, liderados majoritariamente por jovens, tomaram as ruas da capital e de outras cidades nepalesas, culminando na renúncia do primeiro-ministro K.P. Sharma Oli na terça-feira (9). Em resposta, as forças de segurança utilizaram gás lacrimogêneo e balas de borracha na tentativa de dispersar os manifestantes, que, por sua vez, incendiaram prédios públicos, incluindo o Supremo Tribunal, o parlamento e delegacias de polícia.
“Os corpos de muitas pessoas que morreram em shoppings, casas e outros edifícios que foram queimados ou atacados estão sendo descobertos”, declarou o porta-voz do Ministério da Saúde, Prakash Budathoki, evidenciando a extensão da destruição causada pelos confrontos. Além das vítimas fatais, os dados mais recentes indicam que pelo menos 2.113 pessoas ficaram feridas durante os tumultos.
Em meio à crise, a ex-juíza-chefe Sushila Karki assumiu o cargo de primeira-ministra interina, tornando-se a primeira mulher a liderar o Nepal. Karki tem a responsabilidade de conduzir o país rumo a uma nova eleição parlamentar, agendada para 5 de março. Ao tomar posse neste domingo (14), a primeira-ministra anunciou que o governo pagará uma compensação de 1 milhão de rúpias (aproximadamente R$38 mil) às famílias das vítimas fatais e oferecerá tratamento gratuito aos feridos.
Karki iniciou seus trabalhos em um edifício próximo ao escritório do primeiro-ministro, que foi um dos alvos dos incêndios durante os protestos. “Agora devemos nos envolver na reconstrução das estruturas destruídas”, afirmou a primeira-ministra a altos funcionários do governo, segundo informações da televisão estatal, sinalizando o desafio imediato de recuperação e estabilização do país.