Cientistas anunciaram a descoberta de um vírus de proporções surpreendentes nas águas do rio Paraguai, no Pantanal. Batizado de Naiavírus, ele se destaca por ser o maior vírus com cauda já documentado pela ciência, ostentando um tamanho aproximado de 1.350 nanômetros (nm). Para efeito de comparação, vírus comuns dessa categoria geralmente variam entre 20 e 200 nm.
Apesar de seu tamanho impressionante, o Naiavírus não representa uma ameaça para os seres humanos. Ao invés disso, ele infecta exclusivamente amebas. Sua estrutura também é peculiar, com um corpo envolto por uma espécie de manto e uma cauda flexível, capaz de dobrar e se alongar, que atua como ferramenta para facilitar a infecção nas amebas.
O genoma do novo vírus é igualmente notável, composto por quase 1 milhão de pares de bases de DNA. Surpreendentemente, muitos dos genes presentes não possuem semelhança com sequências já catalogadas pela ciência. As funções desses genes, inclusive, se assemelham às encontradas em células complexas, como bactérias e eucariotos.
Algumas proteínas encontradas no Naiavírus apresentam semelhanças com proteínas de plantas, sugerindo um possível envolvimento em processos evolutivos ainda desconhecidos pela ciência.
Os pesquisadores responsáveis pela descoberta acreditam que as proteínas do supervírus remontam a uma divergência evolutiva muito antiga, possivelmente ligada ao surgimento da vida na Terra. Segundo Otavio Thiemann, um dos autores do estudo, essas proteínas “podem abrir portas inéditas de pesquisa e ser usadas para produzir fármacos e enzimas de interesse biotecnológico”. Ele ainda completa que a descoberta poderá contribuir para elucidar questões fundamentais da biologia, como o processo de eucariogênese, a formação de núcleos em células eucarióticas primitivas.