Presidente ucraniano destaca dilema entre dignidade e apoio americano em meio a proposta controversa
Ucrânia enfrenta pressão dos EUA para aceitar plano de paz de Trump, com concessões territoriais a Moscou.
Zelenskyy alerta sobre plano de paz de Trump e pressão dos EUA
Na última sexta-feira, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, fez um alerta contundente sobre a crescente pressão que seu país enfrenta para aceitar um plano de paz proposto por Donald Trump. O plano de 28 pontos, que sugere concessões territoriais à Rússia em troca de garantias de segurança dos Estados Unidos, está colocando a Ucrânia à beira de uma “escolha muito difícil”. Essa situação se agrava com a proximidade de um inverno rigoroso, aumentando as tensões já existentes.
Zelenskyy, em suas declarações, destacou que a pressão sobre a Ucrânia é uma das mais complexas que o país já enfrentou. Ele enfatizou que, de um lado, existe a possibilidade de perder a dignidade nacional, enquanto do outro, há o risco de perder um aliado crucial como os Estados Unidos. “Eles esperam uma resposta de nós”, afirmou, referindo-se ao plano de paz. O presidente reiterou seu compromisso em defender a soberania ucraniana, citando o juramento que fez ao assumir o cargo em 2019.
A proposta polêmica e suas implicações
O plano vazado intensificou as preocupações em Kiev e entre os aliados europeus, que temem que Washington possa estar adotando uma abordagem diplomática que favoreça a Rússia, potencialmente marginalizando a Ucrânia e seus parceiros europeus em um momento crítico do conflito. Um alto funcionário europeu, que pediu anonimato, declarou que a linguagem utilizada pelos americanos sugere uma única opção: a assinatura do acordo. Caso os ucranianos não concordem, os Estados Unidos poderiam cortar toda a ajuda e compartilhamento de inteligência.
Zelenskyy, por sua vez, assegurou que seu governo se empenharia em analisar o plano rapidamente, destacando que dois princípios fundamentais não deveriam ser ignorados: a dignidade e a liberdade dos ucranianos. Em conversas com líderes como o chanceler alemão Friedrich Merz, o Primeiro-Ministro do Reino Unido Keir Starmer e o presidente francês Emmanuel Macron, ele ressaltou a importância de um plano que assegure uma paz real e digna.
Desafios internos e a necessidade de unidade
A pressão externa coincide com uma crise política interna na Ucrânia, exacerbada por um escândalo de corrupção relacionado a um projeto de energia de 100 milhões de dólares. Este escândalo provocou uma revolta entre aliados de Zelenskyy no parlamento e gerou um clima de instabilidade. Em um apelo à nação, o presidente enfatizou a necessidade de unidade entre os cidadãos, políticos e instituições do país. “Devemos nos unir e parar com os jogos políticos. O governo deve trabalhar de forma eficaz”, disse em seu discurso na noite de sexta-feira.
A proposta de paz apresentada por Trump será difícil de aceitar para a Ucrânia, pois inclui concessões significativas que podem comprometer a segurança e a integridade territorial do país. A situação permanece crítica, e os próximos passos de Zelenskyy e do governo ucraniano serão decisivos para o futuro do país em meio a esse novo cenário de pressão internacional.
Fonte: www.politico.eu
Fonte: DIPLOMACY