terça-feira, junho 10, 2025

Guerra Fria Econômica: Disputa EUA-China transcende o comércio e atinge a segurança nacional, aponta especialista

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A complexa relação entre Estados Unidos e China vai muito além de uma simples guerra comercial, representando uma disputa hegemônica de longo prazo com implicações profundas para ambas as nações. A análise é de Alberto Pfeifer, coordenador-geral do Grupo de Análise de Estratégia Internacional em Defesa, Segurança e Inteligência da Universidade de São Paulo (DSI-USP).

Segundo Pfeifer, o comércio é apenas uma ferramenta nessa competição, não sendo a única nem a mais crucial. Os EUA, como potência hegemônica atual, enfrentam o desafio da China, que busca assegurar recursos e prosperidade para sua população, além de expandir sua influência regional.

A disputa ganhou notoriedade com a imposição de tarifas de importação por Donald Trump, em 2 de abril, sobre parceiros comerciais com déficits com os EUA. As tarifas entre os dois países escalaram drasticamente, chegando a 145% para produtos chineses nos EUA e 125% para produtos americanos na China.

Uma trégua, estabelecida em 11 de maio, trouxe alívio temporário, com os EUA reduzindo suas tarifas em 35% e a China em 10%, por um período de 90 dias. “Esta pausa trouxe certa normalidade às relações comerciais bilaterais, mas outras medidas não tarifárias continuaram a evidenciar questões mais profundas da disputa hegemônica”, ressalta Pfeifer.

O controle de recursos estratégicos é um ponto central na contenda. Pfeifer destaca que a China detém mais de 90% da oferta mundial de terras raras, elementos essenciais para a produção de tecnologias avançadas, incluindo armamentos. “A retenção desses recursos pela China provocou uma reação dos EUA, que por sua vez impuseram limitações ao comércio com empresas que utilizam inteligência artificial chinesa”, explica.

Além disso, os EUA revisaram sua política de vistos para estudantes chineses, impactando cerca de 270 mil estudantes no ano anterior, de acordo com Pfeifer. “Estas ações demonstram que a disputa vai além do comércio, tocando em questões de segurança nacional e desenvolvimento tecnológico de ambos os países”, afirma o especialista.

Representantes de ambas as nações estão se reunindo em Londres para buscar uma normalização dos fluxos comerciais, pelo menos até o fim da trégua prevista para agosto. “O objetivo é estabelecer bases estáveis para o comércio entre Estados Unidos e China, reconhecendo a complexidade e a importância estratégica desta relação bilateral no cenário global”, conclui Pfeifer.

Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br

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