Especialista em direito de trânsito explica infrações recorrentes que resultam em penalidades mesmo quando os condutores acreditam estar dentro da lei; uso do celular ao volante foi responsável por mais de 15 mil multas em 2024 e já gerou mais de 3.600 autuações apenas nos primeiros quatro meses de 2025
Muitas infrações de trânsito continuam sendo cometidas por motoristas no Paraná não por má fé, mas por desconhecimento das regras. Pequenas atitudes, vistas como inofensivas ou corriqueiras, acabam gerando multas, pontos na carteira e até riscos à segurança viária.
Segundo dados da Prefeitura de Curitiba, o uso do celular ao volante foi responsável por mais de 15 mil multas em 2024 e já gerou mais de 3.600 autuações apenas nos primeiros quatro meses de 2025. “São penalidades que poderiam ser evitadas se os motoristas conhecessem com mais clareza o que é permitido ou não no trânsito”, explica o advogado especialista em direito de trânsito, Walber Pydd.
Entre os equívocos mais comuns, ele destaca o uso do celular em paradas momentâneas, como no sinal vermelho. “Mesmo parado no semáforo, o condutor está em trânsito. Se ele estiver com o carro ligado e pegar o celular para mexer, pode ser autuado por infração gravíssima, com multa de R$293,47 e sete pontos na CNH”, alerta. Outra situação recorrente envolve o uso indevido de faixas exclusivas, como as destinadas ao transporte coletivo ou às conversões obrigatórias. “Muita gente entra na faixa exclusiva para tentar seguir reto e evitar o congestionamento, mas esse tipo de manobra é flagrada pelas câmeras de monitoramento e também resulta em multa gravíssima. A exceção para não ser multado nesse caso é quando você acessa algum estabelecimento, como uma concessionária ou residência”, completa.
Há também regras específicas que geram surpresa, como as aplicadas na área de embarque e desembarque do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais. No local, mesmo veículos de aplicativo estão proibidos de estacionar ou permitir que o motorista saia do carro. “A recomendação é clara: o desembarque deve ser rápido e o condutor deve permanecer ao volante. Sair do veículo ali configura estacionamento irregular e pode resultar em autuação”, explica o advogado.
Outra situação que ainda gera autuações frequentes é o uso indevido das vagas do sistema de Estacionamento Regulamentado (ESTAR) e das vagas específicas para públicos determinados. “Muita gente estaciona em área de ESTAR sem ativar o aplicativo, ou ativa com a placa errada, o que configura infração média e gera multa, além de remoção do veículo”, explica Pydd. O mesmo vale para quem utiliza vagas destinadas a idosos ou pessoas com deficiência sem o devido credenciamento. “Não basta ter idade ou mobilidade reduzida. É obrigatório portar e exibir a credencial visível no painel do veículo. Sem isso, a infração é considerada gravíssima”, reforça. O advogado lembra ainda que as vagas de carga e descarga só podem ser usadas dentro do horário e finalidade estabelecidos pela sinalização, o que também costuma ser desrespeitado por falta de atenção às placas.
De acordo com dados do Detran-PR, o uso de celular ao volante está entre as principais causas de infração no estado e, somado a outros comportamentos de risco, contribui diretamente para o aumento dos acidentes. Apenas em rodovias federais do Paraná, o número de acidentes envolvendo motociclistas cresceu 6% em 2025, e as mortes nesse tipo de ocorrência aumentaram mais de 21%, segundo levantamento da PRF.
Para Walber Pydd, a melhor forma de evitar esse tipo de penalidade é se manter informado. “Pare totalmente e estacione em local seguro para usar o celular, jamais dentro do carro ligado em um sinaleiro ou congestionamento, por exemplo. Conhecer as regras específicas de trânsito, como faixas de circulação, áreas restritas e sinalização local, é o que garante não apenas evitar multas, mas preservar vidas”, finaliza.